HISTÓRIA DE AMOR...


NESTE MÊS DOS NAMORADOS, VOU POSTAR HISTÓRIA DE AMOR, TODAS QUE EU ACHAR QUE VALE A PENA! ESSA É LINDA.

Num dos muitos interregnos desta relação feita de picos, conheci o meu actual marido.
Corrijo, conheci o grande amor da minha vida.
Corria o ano de 2007 e uma amiga, e a mãe dela, que acumulam papéis na minha vida, sendo que além de amigas de longa data, são também minhas esteticistas. Horas de sofrimento dão, claro, em conversas mil e outros desabafos tantos.
Elas sabiam da minha vida, conheciam o miserável, e quase que, como tantos outros amigos, e até a minha mãe a certa altura, me imploravam para me deixar daquilo...
Para atenuar, impingiam-me o tal jeitoso, que era irmão do marido da R., ela que, em pandãn com a mãe e o marido, insistiam e insistiam que nos havíamos de conhecer. De sublinhar que tanto eu como o ele eramos, então, comprometidos de uma forma ou de outra com alguém, sem que a satisfação plena fizesse parte disso.
"E é giro, e é modelo do Gama, e é professor de educação física, e é assim, assado cozido..." de tal forma que na minha cabeçinha só se geravam impossibilidades umas atrás das outras.
Afinal, o que é que um gajo destes havia de querer comigo, interrogava-lhes.
Ele estudou, e pelo Porto ficou até então. Eu licenciava-me em Lisboa, a viver em Mafra, desde sempre, onde a restante família dele vive, entre a Vila e os arredores.
A juntar aos nossos desencontros, 300km de distância.
Certo é que de tantos encontros que nos tentaram arranjar, nenhum saíu como eles queriam.
Destino ou não, acabávamos sempre desencontrados. Mas água mole em pedra dura... Lá acabámos por trocar contactos e e ir falando através das redes sociais (ainda não havia facebook) e mail.

Começamos, de uma forma não tão erudita e romântica como a de carta e papel, a escrever-nos com regularidade. Tornamo-nos amigos, confidentes, e o dom da palavra nele deixava-me constantemente embriagada e boquiaberta por não conhecer, nos dias de hoje, homem capaz de o fazer.
Aos poucos, e quase sem querer (acho) fui me apaixonando por aqueles momentos em que trocávamos ideias, confidências, pensamentos, palavras... Tudo se foi gerando sem uma figura física, sem nunca nos termos cruzado.
Ele era, como continua a ser, um homem bonito. Lindo. Para mim, absolutamente estonteante.
Não é difícil, para a mulher comum, de gostar dele.
Cara bonita, corpo delineado, amistoso, afável, sensível q.b., enfim... Um sem número de qualidades que, geralmente, não vêm juntos num só pacote. Mas acredito que além da fácil atracção física, entro nós cresceu uma cumplicidade comprometedora.

As expectativas não pararam de crescer até ao dia que fui desafiada a ir à Invicta. Fiz-me de difícil, até porque não ia assim, sozinha, na maluqueira para uma cidade que não conheço, ter com uma pessoa que conheço nestas circunstancias..
Na minha comodidade, continuava a espera que um dos 345 encontros que nos engendravam dessem, finalmente certo. Cedi. Pedi-lhe para não insistir muito.. Ele insistiu, e eu, forte forte, ala que se faz tarde A1 acima, e o Porto será o meu destino. E seria mesmo.. Quando, depois de me perder por entre ruas e calçadas, acabei por me cruzar com ele, estávamos em lados opostos da avenida da Boavista, em frente ao Meridien (ele trabalhava no Sheraton, como PT)...
Ao telefone descrevemos os nossos carros e matriculas, eram da mesma marca, modelo, só de cor diferente. Ainda a falar ao telefone, avistamo-nos. Pisquei o olho e deitei a língua de fora. A língua de fora!? Ridícula, pensei.. Para o que me havia de dar...
Continuava eu a chamar-me todos os nomes que a vergonha me permitia recordar, quando ele apareceu... E a primeira coisa que fez, sem me dizer uma palavra, foi abraçar-me de uma forma tão reconfortante como se nos conhecessemos há uma década... Perdi o medo.
Senti-me acarinhada, bem recebida, e confortável. Fomos jantar fora, e como é óbvio, a noite não acabou comigo a dormir no sofá.. Alguma coisa em nós fervia.
Era inevitável, tanto quanto proibido (as nossas vidas não estavam livres nem resolvidas). Mas aconteceu. E nesse fim de semana de Novembro, fui ao Porto, e no Porto, a minha vida mudou.
A cidade estava toda vestida de Natal, muito frio e cheiro de castanhas assadas em Santa Catarina. Estive sozinha depois dessa noite, esperei que ele saísse do trabalho a palmilhar a cidade aqui e ali. Sentia-me a viver um filme, era o meu "Love Actually".
Liguei à única pessoa que sabia da verdade, dos motivos que me levaram ali, e ao descrever os momentos e sensações ela enchia o peito e quase se emocionava tanto quanto eu, aflita, por estar a perder-me de amores por uma pessoa impossível, inalcançavél... Ela dizia-me "vai, fica e não voltes! Isso é lindo, é uma história de amor linda! E é isso que vos está a acontecer... E o mais importante, é disso que tu precisas e mereces". Verdade? Apaixonei-me no momento em que me abraçou.
Apaixonei-me pela noite que me fez viver. Apaixonei-me pela cidade, pela Invicta, que acabou por ser o palco da minha história de amor.

Esse "Doce Novembro" acabou, quando acabou o fim de semana e eu tinha que regressar a casa.. Saí do Porto com o coração nas mãos e um beijo tão doce quanto mel. Na despedida, ao almoço, ele fixava-me e disse apenas "apaixonavas-te por isto?".
Eu não consegui responder, já estava mais do que perdida, e fitei-o uma ou duas vezes de soslaio, as vezes que o meu embaraço permitiu... Ele voltou "não precisas de responder... Os teus olhos dizem tudo". Estavam espelhados, molhados, embevecidos... Aquilo ficou na minha cabeça.
As memórias, os momentos. Continuamos, apesar da cama, grandes amigos e perdidamente fixados um no outro. Mas longe, ele continuava no Porto, e eu em Lisboa. Passaram-se semanas, voltamos a ver-nos no Natal, a dormir juntos na Passagem de ano. E depois disso os encontros eram fugazes. Para um olá e um café. E assim se passaram mais semanas, meses, e dois anos.

Nunca deixámos de ser grandes amigos e confidentes. E, de quando em vez, ele fazia-me lembrar de que não me esquecia, como me ansiava por ter por perto. Isto confundia-me. Fazia-me com frequência pensar "mas o que é que este gajo quer afinal!?". Ele vivia a dizer que nós tínhamos tudo para ter uma relação feliz, só não tínhamos proximidade geográfica, e que entre nós o problema eram 300 klm de distância. Eu entendi, embora estivesse disposta a arriscar tudo o que fosse preciso. Mas ele não estava. Não me perguntem porquê, mas os papéis inverteram-se. E quando dei por mim, era ele que tinha chegado à conclusão de que afinal, era eu. Eu era a mulher que valia a pena arriscar a distância. Foi me dando dicas, eu fui descartando, não estava minimamente ciente do que se viria a passar, tinha desistido daquela ideia. Não dava, fomos amigos, fomos e podíamos voltar a ser amantes, e ficaríamos por essas definições oficiosas. Enganei-me.

Numa fase da minha vida em que tudo estava perdido - terminei de vez a relação que me consumia, disse adeus aos homens pelos próximos anos e, para ajudar à festa, o meu contrato na TAP não tinha sido renovado, por um interregno que viria a durar 10 meses - ele aparece. E fui má, estava mal, não queria nada, não via nada.. Nem as pistas que ele sucessivamente me dava para me dizer que tinha chegado a hora dele de admitir que, afinal, estaríamos melhor juntos, apesar da distância. Apanhou-me de surpresa.
A dias de terminar o meu contrato, cedi aos mais do que muitos convites e tentativas frustadas dele nos juntar, e numa estadia no Porto, combinei um lanche, para evitar o jantar. Soube mais tarde que no trabalho todos sabiam que eu ia lá estar, porque ele não falava de outra coisa e cancelou tudo por uma hora comigo na casa de Chá do Siza Vieira. Notei-lhe o desconforto com a minha distância. E doía-me, vê-lo desorientado, a dar tudo e a não receber nada.
As mãos suavam, os nervos eram tão claros como água, e eu sabia que ele não era assim. Convenhamos, era um tipo sem qualquer problema com mulheres, era uma questão de escolha e de estalar os dedos, nao implicaria nunca grande esforço... Mas estava nervoso, e eu nunca o vira assim. Fiz pressão para regressar ao Hotel, o Tiara, curiosamente o antigo Méridien, onde cruzamos o olhar pela primeira vez. No caminho o desalento ia fermentando. Até que lhe dei p que ele queria: desculpa para falar. Perguntei o que se passava, e ele abanava a cabeça e dizia nada. Eu cedi e disse "não digas nada a olhar para mim, nervoso, como quem tem 50 coisas para dizer!!"
E ele rebentou. Parou o carro à porta do Hotel e começou "talvez sejam mais do que 50... mas agora tens que me ouvir". E ali, declarou-se.
Perdeu a cabeça e disse-me tudo aquilo que as mulheres querem ouvir, que os homens até podem sentir, mas não exteriorizam, nunca! Falou-me das noites perdidas, dos romances falhados por minha causa (sem eu nunca saber), se eu ser o centro e motivo para todas as coisas, porque não lhe saia da cabeça desde a primeira vez, do que lutou contra isso até se convencer de que não iria valer a pena, porque o meu nome vinha sempre à cabeça... Eu fiquei parva.

Estúpida. E agoniada pela minha incapacidade de reação. Ele, declarou-se a uma parede. Branca, fria. Porque eu só lhe dizia "não digas isso...". Não estava capaz de ceder. Não podia porque a minha cabeça estava longe e o peito não estava preparado para o embate. Ouvi. Subi ao quarto sozinha, ele quase me fazia chorar de tão impotente, de querer e não poder. Sofri. Fiquei a noite toda a pensar que o podia ter magoado, e não lido bem com isso... Ele foi embora mas não desistiu. Os convites e tentativas de me encontrar sucederam-se e eu continuava a evitá-lo. Hoje penso "coitadinho do meu menino..". Mas mantive-me fiel ao meu "não querer mais que bem querer".

Rendi-me na noite de S. João. Estava em casa, pronta para dormir quando recebo um SMS que dizia "recebes-me nesta noite? O meu abraço..". Eu disse qualquer coisa que não me recordo, mas disse que sim, e desejei uma boa noite de festa, que sei que no Porto não fazem por menos (embora eu nunca tivesse passado um S. João lá..). E adormeci, descansada, até me acordarem... Eram 7h da manhã quando recebia uma chamada, depois de algumas mensagens. Acordei rabugenta e atendi. Era ele. Já me tinha deixado mensagens, mas eu não vi nenhuma... Pediu-me para ir à varanda e ver o meu carro. Tinha um bilhete no para-brisas. Não queria acreditar, roguei-lhe pragas, disse que se saísse da cama ia ser para lhe pregar uma lambada na cara.. Perguntei "tu vieste fazer uma viagem de madrugada, por minha causa?" e ele respondeu "já ninguém me podia ouvir, era uma noite de desejos, eu vim atrás do meu.." E não veio sozinho, dado o cansaço, arranjou um desgraçado, ou grande amigo, que veio fazer companhia para ele não se estampar com sono...
As 3h ou 4h da manhã arrancaram do Porto e de manhã estavam à porta da minha casa.´Acabei por sair, para tomar o pequeno almoço com as galinhas, as 8h ou 9h da manhã, coisa rara. Cheguei perto dele e disse, "nunca mais, ouve bem, nunca mais me faças uma coisa destas!" e ele sorriu e disse "eu tinha que vir tirar teimas. quero ter a certeza que sentes mesmo tudo aquilo que dizes quando dizes não..". Nesse dia acreditei, definitivamente, que as intenções dele eram tão puras quanto o ar, a água, a terra ou o fogo.
Deixei-o com um beijo e um até já...

No dia 9 de Julho de 2009, regressei ao Porto, e nesse dia, depois de ter recusado propostas de casamento, aceitei por fim, um pedido formal e pomposo de namoro. À antiga. Num restaurante, onde o levei a levantar, sentar-se ao meu lado e pedir. Foi bonito e constrangedor. Mas foi lindo de morrer... Sincero, ingénuo, e com aquela sensação de "finally!". Começou assim a nossa jornada, que dura até hoje. Foram imensas viagens entre Lisboa e Porto, muitos dias de Invicta, muitos encontros emotivos na estação, no aeroporto, muitos saltos para o colo (continua aqui o "love actually"..). E hoje, estamos juntos, na nossa casa,e muito ao nosso estilo casámos na noite de Natal este ano. Só nós dois, connosco como testemunhas, muito ao estilo do post-it da Anatomia de Grey.

Sinto-me abençoada pela relação que me esperou. Sinto-me especial por ter feito que deixasse o Porto por mim, por nós. E sei que não foi fácil, como ele mesmo disse, foi trocar um amor por outro. Acredito. Porque vivemos toda a nossa historia lá, e eu apaixonei-em tanto pela cidade quanto por ele. Sinto que fui recompensada, que todos os meus receios deram lugar a um grande, grande Amor, que atravessa a vida de mãos dadas comigo. E sinto que o milagre do amor, se existir, só pode ser isto. E por tudo "isto" sinto-me, finalmente, completa, e ainda hoje a transbordar.

Desculpa o desabafo, mas faz-me sempre bem recordar.
Para mim, além de ser a minha, é uma grande história de amor ;)"

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