SIMPLES ASSIM O AMOR


Eu realmente acreditava que o que me fazia amar um homem era a inteligência...
Conhecimentos literários, artísticos, práticos seduziam a eterna adolescente em mim...
Mas descobri que não era isso que me fazia amar: de nada adianta um cérebro invejável, citações brilhantes, se ele não rir das próprias bobagens, se não souber aproveitar as delícias do ócio de um sábado quente...
Então percebi: bom humor era essencial.
É delicioso estar com alguém que vive sem arrastar correntes e faz dos pequenos horrores do dia a dia inevitáveis piadas...
Só que nem tudo é uma piada e, em certas horas, quero alguém que me conforte a alma. Nesses momentos, nada pior do que ser levada na brincadeira - existe uma imensa diferença entre a alegria de viver e a recusa a sair da infância...
Então fui invadida pela certeza de que o que me fazia amar alguém era, antes de tudo, a sensibilidade.
Telefonemas de bom-dia, olhares que vêem, OLHARES DENTRO DOS OLHOS , pequenos gestos incontidos - tudo o que eu podia querer. Ou quase...
Só sobrevive ao meu lado alguém que reaja comigo quando eu passar dos limites do bom senso, demonstre desagrado quando eu exigir demais e oferecer de menos...
Preciso ser cuidada, mas preciso da certeza de estar com um homem de verdade e não com um menino preso no complexo de Peter Pan. Quero ser domada, tomada...
Nem inteligência, bom humor ou sensibilidade me faziam amar alguém... Talvez fosse virilidade.
Mal abrir a porta da sala e ser consumida por beijos...
Ter a roupa retirada no caminho da cozinha, no chão da sala...
Ser desejada com urgência é um dos maiores elogios que uma mulher pode receber, mas só ser desejada de nada adianta: quando acaba o suadouro, o que resta?...
Se o que interessa é a movimentação, tudo bem. Mas se existe a possibilidade de ser esmagada pelo vazio de sentido após o orgasmo, de nada vale... Pelo menos se não vier acompanhado de cuidado, carinho.
Pensei, então, que ele seria a pedra fundamental para despertar meu amor,... Mas carinho é um sentimento abrangente demais: nos invade desde a visão de um cãozinho abandonado até a palavra confortadora de um desconhecido.
Um dia, cansei de tentar adivinhar...
E, nesse dia, após tantas enumerações paralisantes, descobri...
Hoje sei exatamente o que me faz amar um homem: o AMOR existir.
Quando é necessário justificá-lo, procurá-lo, racionalizá-lo, é sinal de que ele não está ali.

SIMPLES ASSIM...

O AMOR...

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