ESTAÇÃO - Camila


Eis-me aqui, numa destas estações da Vida, aguardando, ansioso, a chegada do Trem da Felicidade. E com o meu fiel companheiro atado ao braço esquerdo, marco o tempo da espera. Relógio que exibe em fatias a ânsia do novo, fatiando também o meu coração já em pedaços.

Olho para o Nascente, na esperança de enxergar o mínimo sinal da fumaça branca que brota da chaminé da sonhada locomotiva, mas nada. Nada além de uma revoada de pássaros ao longe, migrando para o Sul, escapando do vento frio do inverno que se aproxima. Inverno que já me alcançou, fazendo cair minhas folhas, esfriando minha alma, encharcando minhas alegrias, afogando meus sonhos. Pelo aspecto das aves, diria que são garças. Ah, e quem dera fossem Graças e migrassem para o meu coração! As Graças que um dia pedi e que ainda devem estar no Alto de Sua Morada, aguardando a divina hora de Sua revoada, hora que desconheço e que não pode ser marcada pelos relógios humanos, pois não os obedece.

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