ONDE CABE A VIDA? - Autor Desconhecido


Pois informo que a vida, senhores, é justamente isso que está acontecendo enquanto vocês estão distraídos, em suas cadeiras de balanço, olhando pela janela os que passam lá fora. Cuidado. Que tal qual filme ou paisagem vista do carro em movimento, ela passa. E o que fazer? Tirar fotografias? Cercar-se de nostalgia e lembranças? Sonhar tão alto a ponto de tirar os pés do chão? Para viver é preciso estar atento. Tendo a calma - e a pressa - de aproveitar as chances diárias que a vida nos dá. Enxergando sentido e beleza em nossas próprias vidas ao invés de almejar a vida do outro. Pois o outro, que quem sabe pareça mais feliz e mais livre, talvez tenha, a mais, apenas coragem. Talvez ele seja - ou tenha sido - tão ou mais triste do que você. Mas soube aprender a “conviver com a dor e não fazer dela armadura ou alfinete".

É preciso entender que a vida não espera estarmos mais preparados, sermos mais maduros, termos mais dinheiro. Muitas vezes não há a hora certa nem a segunda chance. E que nossas escolhas e nossa força é que farão a tal mágica da vida acontecer. Porque felicidade é consequência direta daquilo que buscamos para nós mesmos. Porque, aliás, a vida só é para quem busca alguma coisa. Para quem sabe dosar o correr atrás e o esperar. Para quem consegue ver vida em todas as etapas: no sonhar, no querer, no buscar e, principalmente, no ter conquistado.
Vida, que parece ser tão grande, cabe em milhares de pequenas coisas. Cabe nas conversas atropeladamente felizes regadas a café ou vinho. Nos convites de última hora. Cabe em encontros desejados e naqueles nunca antes imaginados. Vida cabe num sorriso que parece trazer o sol a nossas vidas. Em um passeio de mãos dadas, em instantes mudos em que os olhos contam o que viram em décadas. Vida cabe em mensagens e bilhetes deixados em lugares estratégicos. Em ideias e absurdos compartilhados. Na sinceridade, na objetividade e na gentileza. Vida cabe nas ótimas expectativas de uma manhã de sexta-feira e no amor que consola as tristes noites de domingo.

Vida cabe em livros, em músicas. Em histórias recém iniciadas, seculares, mal contadas, pela metade. Suspensas. Mas ainda assim, é preciso escrevê-las. Pois viver é contar, é deixar, é levar. É o hoje e é o ter do que sentir saudades. É ter do que se orgulhar e ter também do que se arrepender. Pois só se arrepende quem decide sair da cadeira de balanço e viver sua própria vida.

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