MEU PRÍNCIPE - BANDIDO


Sabe como é, né. Eu sou mulher, menina, sabe-se lá o que....mas é fato que sou do sexo feminino. E assim, consequentemente, tenho como o sonho da minha vida – mesmo que seja numa parte minha que tento ignorar – encontrar o meu príncipe encantado. É, não exatamente alguém que venha num cavalo branco, todo impecável. Mas alguém que faça de tudo pela minha felicidade, que me ame - no mínimo - o dobro que eu amo, que arrisque a vida por mim, que me entenda, que acabe com as minhas ânsias e angústias.

Mas vou confessar...isso é uma puta mentira que as mulheres contam para si mesmas. Mulher nenhuma quer um príncipe encantado, eu muito menos. Mas um bandido, também seria dose. Gente desonesta é brochante. Gente que se acha, aterrorizante. Aquele que passa a perna em todo mundo, uma hora cai, e eu não quero cair junto. E nem posso gostar de alguém assim.

O bom mesmo é você. Pessoinha mais humana desse mundo. O príncipe mais bandido que pode haver.

Gosto de você porque você me vê. Me acha linda e me deixa saber disso. Mas gosto de você, também, porque as vezes eu lhe sou transparente. Passo, e você não percebe. Tento chamar a sua atenção e não tenho sucesso. Você me faz duvidar da minha existência e olhar de forma crítica pro meu próprio umbigo, ao invés de me perder no meu narcisismo.

Gosto de você porque você é ousado. Tem sonhos, e olha que absurdo – acredita que é possível torná-los realidade! Já eu, com meu "q" de pessimista (que eu chamo elegantemente de realismo, mas pouco tem de realeza), com minha tendência ao conformismo, mais vivo das minhas fantasias .(Puxa, os sonhos realizados perdem quase toda a sua beleza!)

Gosto de você porque você me deixa em dúvida. Ora parece querer passar toda a vida ao meu lado, ora parece que na próxima saída pra comprar cigarro, jamais voltará a me dar o ar da graça. E isso me deixa irritada e apaixonada.

Gosto de você porque não sei como te agradar. Não, não se trata apenas de sexo, como dizem dos homens, e como você mesmo brinca. O buraco é muito mais embaixo, num lugar que eu não conheço. Você exige de mim algo que eu não posso lhe dar, porque eu nem sei se existe. Mas é algo que eu quero lhe dar, ainda que isso não exista em mim – ainda. É, você me faz prometer absurdos, pra mim mesma.

Gosto de você porque você não lida comigo, mas com uma parte obscura de mim. O meu “eu” sabe muito bem o que fazer – tem sempre uma boa resposta na ponta da língua - sou bem afiada em discussões, quando quero. Mas não é com esse tal de “eu” que você lida. E eu sequer sei dar nome pra essa parte de mim que você faz doer.

Sim, você faz doer. Porque o amor é uma dor boa. Chamo de dor por não saber dar outro nome. É assim... Imagine que você não tem só dez dedos na mão, mas sessenta. Só que você só vê dez, só mexe dez. Pois é isso, eu te amo com os meus cinqüenta dedos que não vejo. É, eu te amo mesmo com os dedos. Com as pontas dos dedos. Num lugar onde o tato é coisa afiada. Num lugar onde eu sinto muito. Num lugar onde as impressões (bem além das digitais) moram. Num lugar onde as minhas marcas são únicas.

E eu gosto de você porque você me faz crescer. Me convoca a mudanças, chacoalha minha alma.

E gosto de você porque pelos teus olhos vejo pura inquietação. Da mais bonita. Vejo um ser que beira à loucura e é impedido de ceder a ela por sabe-se-lá-que-motivo. Gosto de você porque vejo uma coragem bonita, enfeitada com obsessões e medos.

Eu gosto de você por tantas coisas... Mas gosto, principalmente por outras tantas coisas que não sei.

Postado por Alicia

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