SÓ O AMOR BASTA?


Só o Amor basta?

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Vamos pensar em um casal à procura de si mesmo, que está tentando, por um processo de ensaio e erro, formar-se, descobrir-se, para depois tornar ele mesmo. No mundo moderno, cada casal tem que criar seu jeito de amar, seu estilo de vida, seu “modelo”. Isso significa estabelecer uma relação de troca, dar e receber. Em nosso país, vivemos cercados de tantas incertezas, de instabilidade econômica, de violência, que cada vez mais precisamos de um relacionamento primordial, que funcione como uma espécie de refúgio. Todos nós precisamos na vida de um porto seguro. Necessitamos de vínculos. Mas como se formam os vínculos? As pessoas são únicas, não existe ninguém no mundo que tenha o mesmo visual, as mesmas características de personalidade, as mesmas experiências. Isso significa que o ser humano conta com uma infinidade de facetas. Cada uma delas funciona como elo, que torna possível uma conexão com o outro. Até os anos 90, acreditava-se que esta conexão era indispensável para um relacionamento e que o amor e o sexo, essas duas formas de energia diferentes, eram extremamente poderosas, mas que nem sempre aparecem juntas. Então se imaginou que, juntando as duas forças, estaria construída a base das relações amorosas. Mas a história do “eu te amo” então vamos nos casar, acabou se transformando numa ameaça para os relacionamentos, para os casamentos. Isso acontece porque, depois que termina a fase do encantamento, um parceiro pode virar para o outro e dizer: “eu não te amo mais, então tchau”. Ainda que a maioria se case por amor, num mundo tão conturbado como o nosso só o amor não basta. Como disse o escritor Albert Camus “Se o amor fosse o bastante, as coisas seriam simples demais”. O “eu te amo” é um mantra antes do casamento. Mas, com o decorrer do tempo, descobrimos que só o amor não basta. No início, imagina-se o casamento como um lugar de trocas, de partilha, de intimidade e de crescimento. Um lugar de segurança e satisfação mútua. O modelo de casamento tradicional era idealizado, simplista e isento de conflitos. No cinema, o amor nunca acabava; as revistas ofereciam muitas dicas para a satisfação total. Mas isso gerou desilusão. Aí as pessoas começaram a dizer: “desencantou”, as desilusões e as mágoas iam se acumulando. Porque tantas expectativas não realizadas, tantas esperanças decepcionadas, tantos sofrimentos, tantas ingratidões? Em busca de respostas, as pessoas agem, mudam o comportamento e costumam se defender com a distância, o esquecimento, a distração, a traição. Seja como for, em nossos dias, as expectativas depositadas no casamento ficaram maiores do que nunca, enquanto as esperanças de satisfação diminuíram. Por exemplo: é difícil aceitar que coisas ruins podem acontecer, e de fato acontecem, na vida em que duas pessoas, mesmo quando se amam, se machucam. A frustração dos relacionamentos não se deve necessariamente à escolha de parceiros errados, mas a expectativas e crenças erradas. O amor é força poderosa, mas cada um precisa ter qualidades pessoais para sustentá-lo e fazê-lo crescer. Por isso descobrimos que quanto mais pontos da nossa personalidade se identificarem com o do outro, melhor, porque maior será a possibilidade de troca. Quanto maior for o reservatório de experiências partilhadas, maior também será nossa capacidade de amar e sermos amados. Num mundo tão violento, tão tumultuado como o nosso, a amizade e o compromisso tornaram-se uma necessidade. E esses valores não dependem de um documento passado em cartório. O verdadeiro compromisso vem de dentro. Um companheiro diz para o outro: “Eu prometo”, e a promessa é cumprida. Esse é o sentido básico do compromisso. Ele é portanto, a cola que une dois seres humanos. Sem isso, os vínculos não existiriam. Todos sabemos que o romance fala sobre amor, mas o compromisso que o leva à prova definitiva.

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