DO TIPO QUE NÃO SABE FINGIR - Amanda Sousa


Eu sou do tipo de pessoa que não sabe fingir. Que me achem chata, desbocada e até sincera demais, mas não sei ser o que não sou. Aliás, nem quero ser o que não sou por essência. Não sei sorrir pra todo mundo, não sei ser simpática se o mal humor me devora pro dentro. Vivo de quebrar a cara por acreditar, por gostar, por sentir. E se quiser mesmo saber, se a consequência de me mostrar sem máscaras é essa, eu aceito e pago toda a penitência.
Tantas vezes fui julgada de boba ou trouxa por acreditar em palavras atitudes ou até mesmo perdoar pessoas que já me machucaram. Muitas me provaram que não mereciam segunda chance, outras me surpreenderam de uma forma linda. Afinal, se alguém me fala algo, acredito no que foi dito até que se prove o contrário. E se os dizeres vierem com atitudes melhor ainda. O ser humano é sociável, precisa de companhias ao seu redor. É incômodo e impossível viver desconfiando de todo mundo o tempo todo. Até porque, como já dizia Tom Jobim, "é impossível ser feliz sozinho", o amor compartilhado é mesmo fundamental.
Porém, algumas pessoas insistem em viver por trás de máscaras: fingem que estão felizes, fingem que gostam de alguém, fingem que não doeu, que não se importa. Gente que se aproxima dos outros por interesse, porque podem ganhar alguma recompensa com isso. Gente que não abraça, não beija, quando não diz que gosta quando gosta muito. Cada pessoa dessa deixa o mundo um pouco mais frio, mais distante, mais difícil de estabelecer verdadeiras conexões afetivas.
Não sei até onde essa superficialidade leva ou vai levar, mas que os laços humanos estão cada vez mais rasos é um fato consumado. É a garota que espalha os segredos confiados pela sua melhor amiga, é o filho que não respeita o pai, é o menino que troca de namorada toda semana. Sinceramente, não acho que pessoas assim amem ou saibam amar. Na verdade, acho que ele nem ao menos se amam, nem ao menos se respeitam. E sinto muita pena desse tipo de gente, que vive sem saber o real sentido por trás de tudo isso.
Acho que esse tipo de gente, no fundo, é bem infeliz. E que fique bem claro aqui que eu não busco julgar ou dizer o que é certo, apenas pontuo que não consigo agir de tal forma. Posso dizer que até entendo esse comportamento, afinal, o mundo em que vivemos quem se arrisca a ser, apenas ser, sem máscaras? O tempo todo alguém quer nos dizer o que fazer, como agir ou não.
Porque dentro do coração de cada uma dessas pessoas que não assume ser o que é, seja por status, por medo ou qualquer outro motivo infundado - pelo menos pra mim -, existe um buraco, um vazio que nenhum sorriso de aprovação alheia vai preencher. O que falta, na realidade, é o que eles ainda não encontraram ou fazem questão de esconder: eles mesmos.

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