ESQUECER - AD

Foto Kakau fonseca
esquecer é ignorar auto condições, apelos da razão. abandonar então o entusiasmo, e deixá-lo sozinho no sótão -sem vento. conduzir um pensamento parnasiano, à paisana, em direção ao esgoto bucólico de uma cidade-fantasma. a última poesia do subconsciente. mastigar o submundo autofágico. entre vielas, vícios e avenidas luminosas. artérias e ruídos de desconhecidos. carência de estímulos, possibilidades de reação. a eletricidade vital contida em um único movimento. no inverno, todo momento é um golpe. um oceano passível de ser esquecido. mar de lembranças suicidas - que já não me pertencem - pedaços do céu. onde estarão? no porão diante dos olhos. dentro das horas de vida. lua deserta. lugar-comum. entre a minha casa e a tua, eis um abismo fértil, areia movediça. de onde eu sumo na distância. me dispo ainda coberto de areia. ardor na pele. nos passos. deserto estranho e familiar. a ampulheta das lembranças secou, foi até onde eu podia virar. outro copo. outro corpo. me diz a sorte que o acaso tem de ser imprevisível. a força do horizonte em não se curvar a ninguém. o esquecimento é um sentimento fantasma. sem fantasia. rubro. nublado. rua embriagada pelo infinito impensável.

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