NÃO SEI PORQUE...TE ODEIO! - Claudia Fernandes

Foto: Google

Um rapaz ia atravessando a rua, distraído, quando de repente, do outro lado, um homem aparentando ser mais velho que ele, pôs-se a gritar:
- Ei, você!
O rapaz respondeu surpreso:
- Eu?
E ele continuou:
- Sim, é você mesmo!
O rapaz sem saber do que se tratava, resolveu perguntar:
- Pois não?
E o homem já aos berros, dizia:
- Eu te odeio!
O rapaz começou a ficar preocupado:
- Por que, senhor? Eu lhe fiz algum mal?
O homem:
- Não!
O rapaz:
- Machuquei ou agredi algum familiar seu?
O homem:
- Não!
O rapaz foi ficando impaciente:
- Namorei alguém especial para o senhor?
O homem, nervosíssimo:
- Não!
O rapaz, sem saber nem mais o que perguntar:
- Concorremos à mesma vaga de emprego?
O homem com um grito estridente:
- Não!
O rapaz decidiu argumentar:
- Mas ninguém odeia à-toa... O senhor deve ter algum motivo para me odiar.
O homem já descontrolado:
- Eu te odeio... Eu te odeio! Isso não lhe basta?
O rapaz seguro, repetia:
- Claro que não. Preciso saber o motivo de tanto ódio.
Sem saber, o rapaz ia deixando o homem ainda mais exasperado:
- Não vou dizer!
E para tentar reverter a situação, o rapaz foi abaixando a voz, tentando deixar o homem mais calmo:
- Vamos lá... Diga. Que motivo o senhor tem para me odiar?
Foi então que, depois de tantas perguntas, o homem foi retornando de sua crise psicótica e chegou a uma estranha conclusão:
- É... Bem... Eu juro que até 15 minutos atrás eu tinha... Eu tinha! Mas esqueci!
O rapaz aproveitou e fez a pergunta que não queria calar:
- Sei... E agora, neste exato momento, o que o senhor sente por mim?
- Nada.
O rapaz já sem entender coisa alguma:
- Nada?
Ele repetia:
- É, nada.
O rapaz, num misto de espanto e alívio, exclamou:
- Então dá cá um abraço!
O homem devia comungar dos mesmos sentimentos, pois com uma cara de susto, respondeu:
- Um abraço? Tá.
O rapaz, agora já feliz por não ter sido assassinado, disse:
- E então? Amigos?
E o homem, com um sorriso nos lábios:
- Claro! Amigos...
O rapaz sentindo por aquele homem algo entre raiva do assassino e gratidão por estar vivo, esticou sua mão e falou:
- Toca aqui, amigão!
O homem, com o rosto tomado por um imenso sorriso, não disse nada, apenas apertou a sua mão com toda a força que tinha naquele momento e seguiu seu caminho...


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