SER MÃE É APRENDER A ACEITAR AJUDA

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Esse texto, eu me identifiquei com o que está acontecendo agora com a minha filha que teve uma bebê linda a Rafaela, está com quatro dias de nascida. Ela não está sózinha, as duas avós no caso eu e outra avó estamos revezando para ajudá-la.


Às vezes, quando escuto um bebê chorar ao meu lado, eu me lembro dos primeiros meses de Catarina. E tenho que ser sincera: ao mesmo tempo que me bate uma enorme saudade, sinto também um certo alívio. Definitivamente eu não estava preparada para a maternidade, quando a pequena nasceu. Eu havia lido alguns livros sobre cuidados gerais, sobre amamentação, tinha preparado o bico de peito, e achava que isso seria o suficiente. Ah, que ingenuidade! Até então, eu nunca tinha passado por um período de privação de sono, nunca tinha sentido a pele esgarçar até sangrar (e, sim, cheguei a sentir isso amamentando), nunca tinha ficado dias e dias em casa, dedicada praticamente 100% do tempo a uma pessoinha. Eu sei que há mães que passam por isso tranquilamente, e tenho uma profunda admiração por elas. Porque, do fundo do meu coração, para mim não foi nada fácil.

No meio das minhas noites insones, dividida entre olhar minha filha mamando, completamente maravilhada com aquela vida tão delicada, e lutar para manter meus olhos abertos (e o medo de deixá-la cair? Será que era só comigo?), eu me perguntava se estava fazendo o certo. Ao meu redor as pessoas falavam: “você está esgotada, precisa de ajuda! Contrate uma enfermeira para o período da noite, pelo menos!”. Eu poderia ter feito isso, mas não fiz. Na minha cabeça, eu era a mãe, era meu o dever de cuidar da pequena. Como deixar que uma outra pessoa ficasse com ela, se estava chegando ao mundo? Se eu era praticamente sua única referência? Os dias foram passando e eu estava ali, firme e forte, quase pele e osso – mas podia dizer, com o peito estufado, que eu estava dando conta de tudo sozinha. Não, eu não me arrependo; só não sei se teria feito tudo novamente, com um segundo filho.

Mas a vida ensina. O tempo passa e você cai na real. Porque naquele momento eu não aceitei ajuda, mas não demorou muito para perceber que em algum momento eu teria que aceitar. Uma hora você fica doente, e se não tiver alguém para cuidar da casa, para fazer uma comidinha, e até para ficar com o bebê por alguns momentos, você não aguenta. Outra hora é seu filho quem ficou doente, e se você não tiver alguém com quem conversar sobre isso (nem que seja para falar que a febre subiu de novo, e ouvir de volta que é assim mesmo, que ficará tudo bem), você pira.

Depois vem a volta ao trabalho – e se você ainda achava que não precisava de ajuda, não terá qualquer dúvida! “Com quem ficará meu filho: com a avó, com uma babá, na escolinha?”. Independente da decisão, você percebe que não consegue mais ser o bastante. E você sofre, porque queria tanto não depender!

Então você chega à conclusão de que, além de todos os outros ensinamentos, a maternidade também ensina humildade. Te ensina a aceitar ajuda, mesmo que com ela venha uma certa carga de palpite (que, no fundo, só é a opinião de quem está tentando ajudar – ou deveria ser). Te ensina que ninguém está sozinho no mundo, e que seu filho tem muito a aprender com você, mas também com os outros. Te ensina a ser eternamente agradecida pela pessoa que é capaz de largar tudo para atender seu pequeno, quando você precisa.

Como uma mãe cresce, não?

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