O QUE PRECISAMOS APRENDER SOBRE ‘COLOCAR LIMITES’ E‘ DIZER NÃO’

Tailane Sifuentes

Quando se fala em “limites”, é fácil associar somente à “regras a serem seguidas” (na educação infantil, por exemplo), falar “não” aos outros ou não ter determinadas condições para fazer algo (por exemplo, na frase “sinto-me muito limitada”). Porém compreender nossos limites, e os limites que damos aos outros, vai muito além disso e ajuda muito no fortalecimento da nossa autoestima.

Estabelecer limites está diretamente relacionado à autorresponsabilidade e ao senso de valor pessoal, portanto, quando você pratica um, você automaticamente está praticando os outros.

Dar limites implica em tomar a responsabilidade por si mesmo e pela sua vida nas suas mãos, o que, por um lado, impede que os outros interfiram além da conta na sua vida, mas por outro, que você deixe de ficar esperando receber dos outros o tempo todo.

É dizer não quando alguém vem lhe pedir que faça alguma coisa por ele que você não quer ou não pode fazer. Porém, também é parar de esperar que as pessoas se ofereçam ou façam coisas por você, principalmente, sem você pedir. É parar de esperar que as pessoas adivinhem seus gostos e necessidades.

Estabelecer limites pressupõe estar aberto a confrontos, conflitos e conversas difíceis, o que também impõe que você esteja aberto a livrar-se de rótulos de bom moço ou boa moça e que entenda que críticas a você e ao seu modo de ser podem acontecem.

Também implica em “segurar-se” mediante o desconforto do outro. É tornar o outro responsável pelo seu próprio crescimento.
Estabelecer limites implica em parar de fugir, parar de evitar. Implica em aguentar a cara feia dos outros para você. As caras de desaprovação, de coitadismo, as caras que fazem ao tentar fazer você se sentir culpado, egoísta ou chato.

Sentir-se implicado a ser a pessoa “boazinha”, que diz sim para tudo, que precisa manter todos alegres e satisfeitos, acaba por fazer que você se confunda e se perca de você mesmo. Assim, você começa a não se sentir “autorizado” a decidir sobre as coisas e começa a procrastinar, pedir a opinião dos outros, deixa de fazer o que lhe agrada e não se sente capaz de fazer as coisas sozinho ou tomar certas atitudes.

Colocar limites nas relações e em si mesmo de forma autoconsciente e flexível, é uma forma de exercer o amor e o respeito por si mesmo e pelo outro. É uma forma de evitar ressentimentos e a chance de uma explosão raivosa acontecer diminui consideravelmente.

Precisamos superar o desconforto e alterar nossas crenças. Eu posso gostar de uma pessoa e mesmo assim não aprovar determinado comportamento. Quando faço isso, minha forma de amar torna-se mais sincera e mais concreta.

Podemos ser compassivos e abertos e, ainda sim, responsabilizar as pessoas por seus comportamentos. A chave é separar a pessoa de seu comportamento. Falar sobre o que estão fazendo, e não quem são.
Seja aberto sobre o que pensa, o que tolera e o que não tolera. Abandone as indiretas e a linguagem defensiva. Seja claro e objetivo, porém calmo e respeitoso.

É possível ser gentil e firme ao mesmo tempo. Reveja suas crenças e o que acredita sobre si. Só é possível colocar limites à medida que você se conhece e se aceita.

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