ESTRELAS


Quando um sonho se torna realidade,

a gente nem acredita.

Não sabe se chora, se ri ou se grita.

Se belisca.

Abre e fecha os olhos.

Apalpa.

Talvez esteja dentro da nossa natureza

não acreditar na realização

dos próprios sonhos.

Uma natureza pessimista.

A gente espera, certo,

mas no fundo não acredita.

Olhamos para eles como olhamos

para o arco-íris e as estrelas:

lindos, encantadores,

maravilhosos e inatingíveis.

Mas gostamos de olhar,

mesmo cientes de que

nunca poderemos tocá-los.

O fato de existirem já é um encanto

e um milagre Divino.

Nos satisfazemos.

E justamente por que não acreditamos,

não corremos atrás, não construímos,

não tentamos.

Olhamos para o que outros conseguem

e nos dizemos que eles têm muita sorte.

Não nos incluímos nessa categoria.

Mas se um dia resolvemos

pegar as sete cores do arco-íris

e trazer pra realidade das nossas vidas,

veremos que nós também temos muita sorte,

que nós também podemos.

Se aproveitamos o brilho das estrelas

para iluminar nosso caminho

e não nos cegar,

veremos que teremos

uma caminhada mais nítida.

Só vivemos de cinza por opção,

pois a vida é colorida, é intensa.

Vamos olhá-la com olhos nus.

Tocá-la.

Vivê-la.

Amá-la.

Correr atrás do que desejamos

e esticar os braços até alcançarmos.

Subir escadas, transpor barreiras.

Lutar pelo que nos realizará.

Brigar, se for preciso.

Chorar, mas de pé.

Talvez assim a gente não se surpreenda

tanto quando nossa mão atingir,

mesmo se timidamente,

uma das cores do arco-íris

ou a ponta de uma estrela.

Talvez outros se surpreendam.

Mas nós não.

Por que acreditamos.

Por que bem nos nosso íntimo

sabíamos que o caminho poderia ser longo,

mas que um dia chegaríamos lá.



(Letícia Thompson)

Comentários

Postagens mais visitadas